Encher o tanque “até a boca” pode trazer problemas para o carro, para o meio-ambiente e até para o frentista

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Se engana quem pensa que hoje em dia não há mais quem abasteça o tanque do automóvel “até a boca”. Seja para arredondar a conta, por hábito do frentista ou para atender a um pedido do motorista, o fato é que esse velho costume prejudica o veículo e contribui para o aumento da poluição do ar, além de oferecer sérios riscos aos profissionais responsáveis pelo abastecimento nos postos de combustíveis.
Cassio Hervé, diretor da Oficina Brasil, portal especializado no segmento de reparação automotiva que conta com uma base de 43 mil oficinas afiliadas em todo o Brasil, explica que os automóveis têm uma peça dentro do tanque de combustível chamada cânister, cuja função é filtrar as emissões de vapor liberadas pelo veículo. Isso passou a ser comum a partir de 1989, quando entrou em vigor a resolução 18/86 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), parte do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve). Feito de carvão ativado, esse filtro recebe os vapores de combustível do tanque por uma tubulação específica para esta finalidade, por onde são absorvidos e aspirados para o coletor de admissão. “No cânister os gases são filtrados e devolvidos para a atmosfera de forma adequada. Se inundado com gasolina em excesso, ou encharcado, ele não consegue tratar os poluentes que são liberados para o meio ambiente”, explica Cássio.  ABASTEÇA SEMPRE SÓ ATÉ OUVIR O PRIMEIRO CLIQUE DA BOMBA DE COMBUSTÍVEL
De acordo com Cristian Prates Malevic, gerente de divisão da engenharia da MWM International, abastecer frequentemente além do limite recomendável também pode prejudicar o cânister e, em casos mais graves, danificar a parte elétrica do veículo. “Quando se abastece além do nível correto, a pressão fica negativa dentro do sistema e o filtro é obstruído. Isso contamina o cânister, além de poder danificar a válvula de controle do sistema, que por conta da falta de ar terá que fazer mais força para trabalhar”, afirma o engenheiro. Como o filtro é feito de carvão, o contato com gasolina, etanol ou diesel pode fazer com que partículas desse material se soltem e, na medida em que esse composto entra no tanque, pode comprometer o funcionamento do motor.
Em todos esses casos, o painel do veículo acusa o problema – normalmente a luz do sistema de injeção­, mas isso pode variar de acordo com a montadora. “Dependendo do dano, o proprietário do automóvel terá que arcar com a troca do cânister, da válvula ou até do próprio tanque, prejuízo que pode facilmente ser evitado se o frentista obedecer ao primeiro clique da bomba”, afirma o gerente de divisão da engenharia da MWM International.
Ameaça à saúde
Alguns Estados do País, como o Paraná, realizaram neste ano a campanha ‘Não passe dos limites’, com o objetivo conscientizar frentistas e a sociedade da importância de abastecer até o automático e dos riscos da exposição prolongada ao benzeno, substância presente na gasolina e que pode prejudicar a saúde. “O vapor do benzeno apenas se manifesta quando o limite da bomba não é respeitado, então evitar o problema é muito simples”, afirma June Rezende, médica representante do Ministério do Trabalho e Emprego na Comissão Estadual do Benzeno e uma das idealizadoras da campanha.
De acordo com a especialista, existe uma legislação sobre a exposição ocupacional ao benzeno que precisa ser cumprida. “O benzeno é uma substância tóxica, cancerígena, que pode causar aos frentistas problemas hematológicos como anemias, leucopenia – diminuição do número de glóbulos brancos – ou até quadros de câncer como as leucemias” explica. Mesmo com todos os riscos, há pouca fiscalização e o problema persiste. “Há um projeto sendo desenvolvido pelo Ministério da Saúde para eliminar a exposição dos trabalhadores ao benzeno, mas ainda sem data para vigorar”, afirma June.
Fonte: Revista Auto Esporte
 

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