Em ano de eleição, o preço da gasolina cai ou pelo menos não sobe, como ocorreu neste ano quando a Petrobras elevou o preço e o governo reduziu os impostos para zerar o impacto no bolso do eleitor.
Isso acontece desde a década de 60, independentemente, de quem está no poder, segundo estudo de dois professores universitários.
Rodrigo Moita (Insper) e Claudio Paiva (Universidade do Estado da Califórnia) compilaram os preços da gasolina e da energia elétrica, retiraram a inflação, e confrontaram os resultados com o calendário de eleições.
Para ampliar a base de dados, eles pesquisaram apenas o que acontece em anos de eleições legislativas -que, a partir de 1989, são também os anos das eleições para presidente da República.
O trabalhou analisou dados de 1969 a 2008 para gasolina e de 1963 a 2009 para energia. Salvo poucas exceções, a gasolina e a energia elétrica caem no período que antecede a eleição. Logo depois do pleito, voltam a subir e a recuperar a defasagem.
Os professores viram que a gasolina fica, em média, 0,6% mais barata nos meses anteriores às eleições. Após o pleito, sobe em média 0,3% ao mês, recuperando as perdas e ainda ascendendo a um patamar superior ao que era.
No estudo, os professores afirmam que isso aconteceu sob diferentes ideologias e momentos históricos -regime militar, redemocratização (PMDB), Collor (PRN), FHC (PSDB) e Lula (PT).
“Não importa a ideologia, vemos que os políticos se tornam mais sensíveis aos interesses do consumidor-eleitorpouco antes das eleições. Depois, ficam mais sensíveis ao lobby da indústria, que tem interesse em reajustar os preços e a recuperar margens de ganho”, disse Rodrigo Moita.
Os professores não conseguiram definir quais governos utilizaram mais a gasolina como moeda política, mas viram que, durante os períodos de descontrole inflacionário, essa influência caiu.
CONTROLE NA ENERGIA
No entanto, o estudo reconhece que a criação em 1996 da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), que regula os preços da eletricidade sob aspectos técnicos, retirou a influência política dos reajustes de eletricidade.
“Do ponto de vista da fixação de preços, vemos que a Aneel funcionou. É um órgão independente que isolou a influência política dos preços.
Talvez fosse uma saída para o caso da gasolina”, disse.
Para o pesquisador, a influência política nos preços prejudica menos o mercado de gasolina do que a democracia. “É preocupante que governantes possam ser eleitos, em parte, por falta de informação dos cidadãos. No âmbito econômico, obtivemos mais uma evidência de intervenções excessivas do governo na economia”, diz.
Fonte: Folha de São Paulo

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