Caixa-preta dos combustíveisA Petrobras bem que tentou, mas não conseguiu conter a desconfiança em torno da política brasileira de combustíveis. Os esclarecimentos feitos ontem pela estatal à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) de que os reajustes da gasolina e do diesel não serão automáticos não convenceram o mercado. A falta de clareza nas regras provocou incertezas e estimulou a especulação com as ações da empresa na bolsa de valores, onde voltaram a cair ontem. Os papéis ordinários (com direito a voto) apontaram recuo de 0,91%; os preferenciais tombaram 0,63%.

Os investidores continuam acreditando que o governo manterá a companhia sob rédeas curtos e dificilmente permitirá a elevação dos combustíveis em 2014, ano eleitoral. Desde o anúncio da alta de 4% para a gasolina e de 8% para o diesel, na última sexta-feira, a Petrobras vive dias tensos. A semana começou com rumores de uma possível demissão da presidente das estatal, Graça Foster — informação refutada pela empresa. As ações da estatal despencaram 10% na segunda-feira, na pior sessão desde a crise de 2008, justamente por conta da falta de precisão nas informações aos investidores de como será o processo de correção nos preços dos combustíveis. Pela defasagem em relação aos valores internacionais, é certo que o ciclo de aumento ainda não chegou ao fim.

O comunicado enviado pela Petrobras à CVM destacou que os reajustes não acompanharão os preços do petróleo no mercado internacional, como defendem a empresa e os economistas. Quando anunciou os aumentos da gasolina e do diesel — já repassados aos consumidores em muitas cidades do país —, a estatal afirmou que não revelaria os parâmetros da nova metodologia, alegando serem dados “restritos à companhia”.

Política

A definição dos preços, informou a estatal, levará em conta variáveis como “preço de referência dos derivados no mercado internacional, taxa de câmbio e ponderação associada à origem do derivado vendido, se refinado no Brasil ou importado”. Diante da falta de transparência do comunicado, o economista e pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (IBRE/FGV) Maurício Canêdo foi taxativo: “Tentaram esclarecer, mas não mudaram a situação. O comunicado diz quais são as variáveis, mas não qual a regra a ser usada. Então, segue nossa problemática política de combustíveis”.

Na avaliação dos especialistas, mais do que as necessidades de caixa da Petrobras, serão as questões políticas que determinarão quando e quanto os combustíveis serão reajustados. “O governo terá que dar aumentos, mas não sabemos como. O fator político, com certeza, terá peso relevante”, afirmou Canêdo. “Não estamos confiantes de que a diretora da empresa tenha efetivamente recebido ‘carta branca’”, acrescentou Karina Freitas, analista da Corretora Concórdia, para quem as informações de ontem foram “pouco elucidativas”.

O governo segurou o quanto pôde os aumentos da gasolina e do diesel, na esperança de conter a inflação, que, ainda assim, se manteve persistentemente acima do centro da meta, de 4,5%, ao longo de 2013. Não bastasse, o caixa da Petrobras nunca esteve tão sacrificado.

Fonte: Correio Braziliense

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