Uma das maiores distribuidoras de combustíveis do país, a Raízen está reduzindo os negócios com postos bandeira branca para se concentrar na expansão e fortalecimento da rede de revendedores que leva a marca Shell.

A queda recente nas vendas de diesel da companhia já reflete a nova estratégia.
“Estamos aumentando ´market share´ em postos com a bandeira Shell e reduzindo no bandeira branca, porque não vemos muito futuro nesse segmento”, disse na quarta-feira (15) o presidente da companhia, Ricardo Mussa, ao comentar os resultados da Raízen no terceiro trimestre do ano safra 2022/23, encerrado em dezembro.

No fim do ano passado, a rede Shell era formada por pouco mais 8 mil postos considerando-se Brasil, Argentina e Paraguai, avanço de 3% na comparação anual. No país, eram 6,85 mil revendedores com a marca.

Do total de postos em funcionamento no Brasil, quase 50% funcionam sem bandeira.

Contudo, a informalidade na distribuição é mais comumente associada ao segmento bandeira branca do que aos revendedores vinculados às grandes marcas.
Há diferenças ainda de retorno do negócio. Na Argentina, onde a Raízen também atua, praticamente todos os distribuidores são integrados e têm redes embandeiradas, o que se reflete em maior eficiência e rentabilidade das distribuidoras, segundo indicou a companhia.

“Estamos perdendo ´market share´ no mercado que a gente não quer e ganhando entre os embandeirados”, reiterou Mussa.
Entre os destaques do trimestre, a Raízen destacou a superação da meta de novos contratos para o ano, com o equivalente a 1 bilhão de litros.

Com a estratégia de priorizar os postos Shell, a Raízen elevou em 2% as vendas do ciclo Otto (gasolina e etanol) no terceiro trimestre do ano safra no Brasil, para 3,13 milhões de metros cúbicos, mas reduziu em 5% os volumes em diesel, a 3,58 milhões de metros cúbicos.

Na aviação, os volumes no país cresceram 0,9%, a 216 mil metros cúbicos, com maior demanda na aviação executiva. Com o início das operações com a Azul neste ano, a expansão tende a ser mais forte, indicou a companhia.

No último trimestre do ano passado, o desempenho na distribuição foi afetado pelo efeito da Copa na demanda, preços mais baixos da gasolina e do diesel e excesso de oferta de combustíveis. Como consequência, apontaram os analistas, os resultados da Raízen foram fracos, pressionados também pela menor produção de açúcar.

De outubro a dezembro, a companhia teve receita líquida de R$ 60,4 bilhões, alta de 9%, e resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de R$ 2,96 bilhões, queda de 11,8%. O lucro líquido (sem ajustes) recuou 88,2%, a R$ 168 milhões.
Ao mesmo tempo, a companhia indicou que a elevação da alavancagem financeira foi “momentânea” e a meta de reduzir esse índice para 1,6 vez a 1,8 vez até o fim da safra está mantida.

Em dezembro, a alavancagem estava perto de 2,5 vezes pela relação entre dívida líquida e Ebitda em 12 meses, pressionada por investimentos nas unidades de etanol de segunda geração e maior produtividade agrícola, dispêndios com a parada para manutenção de 50 dias na refinaria de Buenos Aires (Argentina), além do maior nível de amortizações com vistas a reduzir o prazo médio de endividamento.

“Estamos olhando para encerrar o ano fiscal em 1,6 vez”, disse Mussa.

A Raízen tem compromissos em dívidas (covenants) relacionados à alavancagem. “Também não vamos mudar o ritmo de investimentos em etanol de segunda geração e biogás”, acrescentou.
Conforme o executivo, a direção da Raízen promoveu análise minuciosa recente das projeções de resultados para o ano atual e decidiu por mantê-las – para o Ebitda ajustado consolidado, a meta é ficar entre R$ 13 bilhões e R$ 14 bilhões, frente a R$ 10,7 bilhões no ano safra anterior.
“Estamos muito confiantes de que vamos entregar esses números. Há riscos, é claro, porque há movimentos de preço e de impostos que podem afetar o desempenho, mas estamos confiantes de que vamos alcançar as metas”, reiterou o executivo.

O consumo de caixa de R$ 445 milhões no trimestre também foi explicado pelos fatores que pressionaram a alavancagem financeira. Na Argentina, a parada para manutenção, que se realiza a cada dez anos, teve impacto negativo de US$ 129,8 milhões no Ebitda.

Extraído do Newsletter do SCA Etanol do Brasil 
Fonte: Valor Econômico

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