A troca do comando da BR Distribuidora, com a chegada de Wilson Ferreira Junior para a presidência da companhia, pavimenta caminho para a saída definitiva da Petrobras do capital da distribuidora no curto prazo.

O conselho da petroleira estatal havia aprovado, em agosto do ano passado, a oferta de sua participação remanescente de 37,5% na BR, mas não conseguiu até o momento uma janela aberta para sacramentar o negócio.

A expectativa, segundo três analistas de mercado consultados pelo Valor, é que a chegada de Wilson Ferreira Junior na BR traga a tão esperada valorização dos papéis da distribuidora, tornando a oferta das ações da Petrobras na companhia mais rentável. Depois de cair para R$ 13, em abril de 2020, no auge da crise econômica desencadeada pela pandemia de covid-19, os papeis ON da BR estão, hoje, cotados em cerca de R$ 20, abaixo dos patamares de um ano atrás, anteriores à eclosão da pandemia, quando atingiu a casa dos R$ 28.

O Wilson caiu como uma luva [para a valorização das ações da BR]”, um analista de um grande banco de investimentos que acompanha o dia a dia da BR.

Apesar de reconhecer a importância do trabalho do atual presidente Rafael Grisolia no processo de preparação da abertura de capital e da privatização da BR nos últimos anos, parte dos investidores vinha alimentando uma certa insatisfação em relação à estratégia da empresa para o futuro.

O mercado global de combustíveis está num momento de transformação, diante do movimento de transição energética para uma economia de baixo carbono, e a percepção dos analistas é de que a BR ainda não conseguiu entregar ao mercado uma estratégia mais clara sobre essa transição.

Sob o comando de Grisolia, a BR chegou a dar os primeiros passos nesse sentido, com a criação de uma comercializadora de gás natural e negociação com a Golar Power (recém-adquirida pela New Fortress Energy) para formação de uma parceria na área de distribuição de gás natural liquefeito (GNL). No setor elétrico, a companhia entrou recentemente no segmento de comercialização, por meio da compra, em novembro, de 70% da comercializadora Targus Energia, por R$ 62,1 milhões.

“Mas foi um movimento tímido. A BR é uma empresa pouco alavancada, pode ter uma agressividade maior em aquisições no setor. O Wilson, agora, traz uma expertise muito grande do setor de energia para a distribuidora”, comentou a fonte.

Em suas aparições públicas, Grisolia tem repetido com frequência que a vocação da BR é entregar a energia que o consumidor escolhe, já num sinal de que a companhia está de olho na transição energética.

Hoje, os negócios da distribuidora ainda são muito dependentes do tradicional segmento de redes de postos – que responde por metade do Ebitda (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da empresa. A outra metade vem praticamente da comercialização de combustíveis fósseis, como diesel e querosene de aviação (QAV) para indústrias, termelétricas e setor de aviação.

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Um segundo analista lembra que a gestão atual da BR também ainda não conseguiu andar conforme o esperado com os planos de atrair um parceiro para investir na área de conveniência. Apesar de ter feito movimentos interessantes de aproximação com a AME Digital, para novos meios de pagamento, e avançado em negociações com a Lojas Americanas, a BR não cumpriu ainda, entre idas e vindas, a promessa de arranjar um parceiro estratégico para acelerar os esforços no segmento. Até meados do ano passado, a taxa de penetração da conveniência na rede de postos da companhia era de 16%, ante os 30% da Ipiranga, maior concorrente.

De acordo com um terceiro analista, por ser uma empresa de forte capacidade de geração de caixa, a BR poderia ser mais agressiva na sua estratégia. “A empresa tem feito o que os competidores estavam fazendo”, disse, também sob a condição de anonimato.

“Apesar de bom trabalho [da gestão], havia uma percepção no mercado de pouca agressividade da companhia em não ser a primeira do setor. O discurso sempre foi de fechar o gap [distância] para as concorrentes em termos de rentabilidade”, afirmou outro analista.

Entre 2018 e 2019, a BR conseguiu reduzir de R$ 45 o metro cúbico para R$ 25/m3 a distância da rentabilidade da empresa em relação à Raízen, referência do mercado nesse aspecto.

Sob a gestão de Grisolia, a BR lançou, em meio ao processo de privatização, em 2019, um pacote de dez iniciativas para melhorar a sua rentabilidade. Entre as medidas já alcançadas, a companhia reduziu o seu quadro pessoal (de 5,4 mil colaboradores, entre próprios e terceiros, em outubro de 2019 para 3,9 mil em agosto 2020.

A empresa também reforçou sua presença na área de trading, para melhorar sua base de fontes de suprimento; vendeu ativos (como a CDGN e a Stratura Asfaltos); e reduziu de 144 para 57 o número de transportadoras sob contrato. As despesas operacionais da BR caíram, por sua vez, 52% no acumulado dos nove primeiros meses de 2020, em relação a igual período de 2019.

Grisolia teve duas passagens pela BR: uma como diretor financeiro, entre 2017 e 2018, e a segunda como presidente, desde 2019. Nesse meio tempo, foi diretor financeiro da Petrobras. Durante essa trajetória, esteve envolvido na abertura de capital e na privatização da companhia.

Fonte: Valor

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