As franquias em postos de combustíveis têm ganhado novas formas para se adaptar às necessidades do mercado e oferecer mais conveniência aos consumidores.

Entre as principais tendências estão os formatos de contêiner e miniquiosque, que oferecem soluções práticas e econômicas para os revendedores que desejam diversificar seus negócios.

Spoleto e China in Box têm franquias em posto de combustível em Maricá (RJ)

Redes de franquias estão apostando em modelos de negócio mais baratos, como miniquiosques e contêineres, para atrair franqueados. Para Leonardo Diniz, CEO da Yogoberry, os empreendedores tendem a buscar uma marca já consolidada no mercado, mas com investimentos mais baixos, para, de certa forma, diminuir riscos. “Isso motivou a marca a oferecer uma alternativa mais acessível a esse empreendedor”, afirma.

Outro movimento é abrir unidades em locais diferentes, a fim de ampliar sua clientela. Um desses locais é o posto de combustível, apontado por especialistas como uma tendência do mercado.

  • Formato Contêiner: Um modelo versátil, sustentável e de rápida instalação, ideal para abrigar lojas de conveniência, cafeterias ou até serviços de alimentação, otimizando o espaço disponível no posto.
  • Miniquiosque: Compacto e eficiente, o miniquiosque permite a oferta de serviços rápidos e produtos essenciais em um espaço reduzido, sendo uma excelente opção para postos com menor área disponível ou que buscam implementar novos serviços com baixo custo.

CENTRO DE CONVENIÊNCIA

Postos de combustíveis estão se transformando em verdadeiros centros de conveniência. “Cada vez mais, estamos vendo postos de gasolina se assemelharem a centros de conveniência, oferecendo uma gama de serviços como lavanderia, minimercado e até cabeleireiro”, afirma João Brito, diretor comercial e sócio do Grupo Bittencourt, uma consultoria especializada em desenvolvimento, expansão e gestão de redes de negócios e franquias.

Essa diversificação tem impulsionado o modelo de negócio dos postos, tornando-os espaços multifuncionais, onde os clientes podem resolver várias necessidades em um único lugar, o que contribui para aumentar a receita e melhorar a experiência do consumidor.

Isso é uma tendência. Principalmente agora com a recarga de carros elétricos, você vai passar mais tempo no posto. Então, o posto passa a ser uma loja de serviços e conveniência. – João Brito, diretor comercial e sócio do Grupo Bittencourt

CRESCIMENTO EM DIREÇÃO AOS POSTOS DE COMBUSTÍVEIS

No segmento de franquias, as operações de rua predominam (52%), mas outros formatos têm avançado. Um estudo da ABF (Associação Brasileira de Franchising) referente ao primeiro trimestre deste ano apontou que negócios como operações em prédios comerciais, condomínios residenciais e postos de combustível, entre outros, saltaram de 5,2% para 11,7%, em relação ao trimestre anterior.

O crescimento deste tipo de localização tem explicação. Tom Moreira Leite, presidente da ABF, diz que esse avanço está associado ao aumento de redes de conveniência, cafeterias e modelos compactos, entre outros. “Isso mostra a capacidade de reinvenção do setor, tanto em termos de formato quanto na disposição de abrir operações onde o consumidor está”, declara.

É o caso do Grupo Trigo (holding de cinco marcas de alimentação com 617 restaurantes no total), que hoje tem sete unidades em postos de combustível. As unidades são das marcas Spoleto, Koni e China in Box e estão localizadas em Brasília e em cidades dos estados do Rio e São Paulo.

A primeira unidade em posto foi aberta em 2008, e a sétima, neste mês de setembro. Uma franquia dessas marcas custa a partir de R$ 390 mil (Koni), de R$ 470 mil (Spoleto) e de R$ 520 mil (China in Box).

“Os postos de gasolina são bem movimentados e com serviços de conveniência. A alimentação também é essencial nesses locais. Sendo assim, a aposta da empresa em restaurantes nesses lugares tem trazido bons resultados”, afirma Isabel Medeiros, diretora de expansão do Grupo Trigo, mas sem detalhar esses resultados.

Marcas aproveitam a estrutura do posto

Gabrieli Lima, responsável pela expansão do Norte, Centro-Oeste, São Paulo e Espírito Santo, do Grupo Trigo, diz que as marcas acabam utilizando a estrutura oferecida pelo posto de combustível, como estacionamento, segurança, banheiros e até área comum com mesas e cadeiras. “Tudo isso gera uma economia para o negócio tanto operacional como de construção”, diz.

“As nossas marcas já estão nos grandes shoppings, e a possibilidade de estar em postos de combustível faz com que a gente consiga captar um público novo e também atender o público do shopping que está ali em um momento diferente de consumo. É uma maneira também de a gente fortalecer a nossa expansão e o nome da marca”, declara Gabrieli.

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Formato contêiner está em alta

A CredFácil, uma rede de franquia de serviços financeiros e seguros, lançou seu modelo de contêiner no final do ano passado. Hoje, são duas unidades em operação: Paragominas (PA) e Palmas (TO). A previsão da empresa é chegar a dez contêineres até o final do ano.

No total, a rede tem 1.070 unidades em funcionamento. Até o final do ano, a empresa tem meta de abrir mais 150 unidades (entre contêineres, lojas físicas e home office) e aumentar em até 40% o seu faturamento.

Com o contêiner, a ideia é ampliar a presença da empresa em áreas com grande fluxo de pessoas. É o caso de estações de metrô, postos de gasolina e terminais de ônibus. Uma franquia no modelo contêiner custa a partir de R$ 45 mil.

“Hoje, há dificuldade de achar um ponto comercial e, quando acha, é muito caro. A estratégia da empresa foi baratear esse ‘ponto comercial’ com o contêiner. Com essa nova modalidade, o franqueado tem a possibilidade de colocar o contêiner em pontos estratégicos, como postos de gasolina e supermercados, para atrair a clientela, aproveitando o público que estes segmentos já atraem para o local”, diz André Oliveira, CEO da CredFácil.

“O modelo de franquia em contêiner é uma forte tendência no mercado, pois atende à demanda de empreendedores que buscam soluções rápidas, práticas e mais baratas. O uso de contêineres também tem um apelo sustentável, pois reutiliza estruturas modulares, o que atrai um público cada vez mais preocupado com a responsabilidade ambiental.”
André Oliveira, CEO da CredFácil

Mini quiosque da Yogoberry tem tamanho de 4 m²

A Yogoberry, rede de frozen yogurt, lançou em junho o modelo de mini quiosque. Esse modelo, de 4 metros quadrados, pode ser instalado em espaços mais reduzidos, como corredores de shoppings e lojas de conveniência. O mini quiosque representa uma nova etapa na estratégia de expansão da marca, diz a empresa.

Um mini quiosque da marca custa a partir de R$ 149 mil. O valor é 42,5% mais barato que um quiosque tradicional (a partir de R$ 259 mil), de acordo com a empresa. Hoje, a rede tem três mini quiosques em funcionamento (MG, RJ e em Brasília). A meta é chegar a cinco até o final do ano. No total, hoje a Yogoberry tem 34 unidades em operação.

O custo menor e uma operação mais simplificada podem servir como um trampolim para uma loja maior no futuro. É uma opção atraente para empreendedores que buscam uma entrada mais acessível e menos arriscada no mundo dos negócios. Leonardo Diniz, CEO da Yogoberry

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Modelos de franquias mais em conta

Brasil Cacau e Kopenhagen lançaram modelos de negócio com investimentos iniciais menores. As duas empresas fazem parte do Grupo CRM.

A Brasil Cacau tem agora quiosque light e loja light. O quiosque custa a partir de R$ 49,9 mil, e a loja, a partir de R$ 150 mil (uma operação 37,5% mais barata que a loja tradicional, que é a partir de R$ 240 mil). Os valores incluem taxa de franquia e taxa de instalação. Há ainda estoque inicial e capital de giro a serem considerados.

Esses novos modelos fazem parte do plano de expansão da marca. O quiosque light (de 6 m²) é ideal para shoppings, supermercados, hospitais, galerias e aeroportos. Já a loja light (de 26 m²) é indicada para cidades que não sejam capitais. São mais de 40 unidades destes modelos em operação.

A Kopenhagen vai no mesmo caminho. Lançou os modelos quiosque (a partir de R$ 150 mil) e loja light (a partir de R$ 300 mil) — 25% mais barata que a loja tradicional (a partir de R$ 400 mil). Os valores incluem taxa de franquia e taxa de instalação. Não estão computados aqui o estoque inicial e o capital de giro. A loja light é indicada para cidades que tenham entre 70 mil e 150 mil habitantes. Já são 30 unidades nos modelos light em operação.

Essas franquias com menores investimentos são uma forma de atrair novos empreendedores a entrar na rede. Além disso, com elas, é viável entrar em espaços um pouco menores, facilitando a capilaridade e proximidade com os consumidores nos bairros.
Fernando Guglielmetti, diretor de expansão do Grupo CRM.

Rotatividade e localização são essenciais

Vale analisar bem o negócio. É o que diz Leandro Reale, consultor de negócios do Sebrae-SP. Para ele, embora sejam modelos mais baratos, eles são mais viáveis em custo fixo e no valor da franquia, mas não necessariamente no fluxo de pessoas e, por consequência, nas vendas, podendo impactar no capital de giro.

“Antes de comprar uma franquia localizada em um posto de gasolina ou mesmo um quiosque, é importante verificar e pesquisar a localização e a rotatividade do local, pois isso pode impactar na estimativa de vendas e no negócio”, afirmou.

“Contêiner e mini quiosque acabam sendo uma opção mais viável do que uma loja física em um shopping, por exemplo. Mas são viabilidades que precisam ser bem estudadas, antes de fechar qualquer negócio.Leandro Reale, consultor de negócios do Sebrae-SP”

Atenção aos custos envolvidos.

Para Adriana Auriemo, vice-presidente da ABF, o franqueado deve levar em consideração todos os custos de operação, inclusive o valor de transportar um contêiner de um lugar para o outro. “O custo do transporte de um contêiner para diluir no lucro da operação demora um bom tempo. Então, é preciso escolher muito bem o ponto, ter os mesmos cuidados na análise do ponto que você teria com uma loja física”, afirma.

Para Brito, do Grupo Bittencourt, é uma tendência ter multiformatos.

“Uma franqueadora pode ter vários formatos para perfis de investidores diferentes e de acordo também com o bolso de cada um. E, claro, isso pressupõe ter uma estratégia de expansão muito bem definida, para não ter uma ‘canabalização’ entre os formatos”, declara.

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