O inédito protesto dos moradores de Volta Redonda, que, indignados com o preço da gasolina, que chegou a R$ 4,84 nas bombas — considerado por eles como exorbitante e um dos mais caros do país —, iniciaram semana passada um rodízio de boicote aos postos de combustíveis da cidade, está começando a dar certo. A maioria dos estabelecimentos já reduziu em pelo menos R$ 0,10 o valor, que nesta terça-feira estava a R$ 4,74. Mesmo com a redução, os manifestantes continuam apertando o cerco aos empresários, exigindo que o preço do litro caia para R$ 3,50. Para tanto, começaram também a recomendar pelas redes sociais, principalmente pelo Whatsapp, que os abastecimentos passem a ser feitos em Barra Mansa e outros municípios vizinhos.
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“Reduzir R$ 0,10 em cima de um preço abusivo, não significa quase nada. Vamos continuar dando prejuízos aos donos de postos, pois eles sabem que podem baixar esse valor absurdo bem mais ainda”, afirmou o segurança Jadyr Ferdinando da Silva, de 49 anos. “Assim vai funcionar! Não abastecer em Volta Redonda. Somente em cidades vizinhas. Unidos vamos conseguir. Faça a sua parte!”, diz o texto de mensagem que circula nas redes sociais.

Na semana passada, usando as mesmas redes sociais, os volta-redondenses instituíram o chamado “Calendário Selvagem” (em alusão ao filme `Relatos Selvagens´, que aborda atos de vingança contra abusos), no qual listaram os 23 maiores estabelecimentos do ramo na cidade. Identificado por cores, diariamente, de segunda a sexta, quatro postos são boicotados pelos manifestantes.

“Você também está indignado pelo aumento abusivo no preço do combustível? Mais ainda por morar em Volta Redonda, onde se tem praticado um dos maiores, senão o maior valor do combustível do Brasil? Bem, para que haja mudança, é preciso fazer algo diferente e inteligente. Se for para incomodar que seja para incomodar o cartel e não os usuários”, diz um trecho do texto que circula pelo WhatsApp e redes sociais, com imagens do calendário e a lista dos postos, com os respectivos dias da semana a serem boicotados. “O calendário não tem prazo de validade. Não se omita. Faça sua parte. Este movimento é coletivo e de combate à injustiça praticada em Volta Redonda”, ressalta outro trecho.

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Em nota, o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, Lubrificantes e Lojas de Conveniência no Estado do Rio de Janeiro (SINDESTADO-RJ) já tinha alegado na semana passada que “os postos compram combustíveis das companhias distribuidoras, e não das refinarias, e que por isso os custos nos postos dependem dos preços cobrados pelas distribuidoras, que muitas vezes variam conforme o local”. “Os próprios donos de postos estão sofrendo duramente com a atual situação”, argumentou o texto (veja a íntegra da nota abaixo).

Volta Redonda está entre as dez cidades como maior frota de veículos do Brasil. Segundo último levantamento da Secretaria Municipal de Transporte e Mobilidade Urbana, entre 2001 e 2015, a frota cresceu 136%, contra 7,17% da população. No total são mais de 91 mil automóveis e 14 mil motos emplacadas no município, que tem quase 400 mil moradores. Ou seja, cerca de quatro habitantes por veículo, em média.

“Vamos continuar boicotando os postos, já que nenhuma autoridade toma providência contra abusos. Agora, mandamos fazer adesivos com a frase `Não permita ser assaltado pelos postos. Não abasteça em Volta Redonda`”, adiantou um taxista, que preferiu não se identificar.

Íntegra da nota do Sindestado sobre o assunto

SINDICATO DE DONOS DE POSTOS NO ESTADO DO RIO PROTESTA CONTRA SISTEMA DE PREÇOS DOS COMBUSTÍVEIS

A atual política da Petrobras de efetuar flutuações quase que diárias nos valores dos combustíveis tornou extremamente confuso o cenário da comercialização dos produtos e, a um só tempo, está sacrificando os consumidores e caminha para tornar inviável a sobrevivência da maioria dos postos. A opinião é do presidente do Sindicato estadual dos Revendedores (Sindestado-RJ), Ricardo Lisbôa Vianna,

“Os governos estão resolvendo seus problemas de caixa com uma solução grotesca: simplesmente jogando às alturas os impostos sobre os combustíveis. E a isto se soma a ganância desenfreada das distribuidoras, que estão aproveitando a dança contínua de percentuais para reajustar, sempre para cima, os preços cobrados ao revendedor. Lá na ponta da cadeia de comercialização, o dono do posto está tendo que encomendar novas remessas de produtos sem saber quanto pagará por elas de um dia para o outro, e ainda por cima tende a ficar mal visto por parte da população, que tende a enxergá-lo como o grande causador do problema”, comenta Ricardo Vianna.

O presidente do sindicato destaca que muitos donos de postos estão caminhando para a falência, caso a situação não seja normalizada. “O dono de posto não é o responsável pelos combustíveis custarem tão caro, mas esta é uma realidade que não interessa aos governantes nem às poderosas companhias distribuidoras. Nesse cenário, quem sai perdendo é o consumidor final, que tem que pagar caro; e também o dono do posto, que além de ser mal-visto acaba vendo despencar os lucros e o movimento de vendas do seu estabelecimento. Não é à-toa que problemas estão surgindo ao mesmo tempo em todo o país”, arremata Ricardo.

FONTE: O Dia

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