Uma ferramenta criada por dois pesquisadores da UFRN está indicando aos potiguares a localização dos postos com os combustíveis de melhor qualidade nos municípios do Rio Grande do Norte.
A ideia é disponibilizar, a partir de testes feitos no Laboratório de Combustíveis e Lubrificantes (LCL), do Instituto de Química da universidade, a melhor gasolina para ser colocada nos carros e motos. Oito postos do RN já estão disponíveis no app.
Postos que fazem parte do aplicativo são inspecionados duas vezes por mês, de forma aleatória, sem conhecimento de datas.
Intitulado “Combustível Nota Dez”, o aplicativo foi desenvolvido a partir de concepção do professor Valter Fernandes e do pesquisador Antônio Araújo, ambos do LCL. O aplicativo já está disponível na Play Store e em breve estará apto aos usuários da Apple Store. De acordo com Valter, a ideia surgiu a partir da demanda de vários usuários que ligavam para o laboratório em busca de postos com qualidade nos combustíveis.
Além disso, o LCL, desde o ano 2000, é o único do RN e Paraíba credenciado pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) para realizar a testagem de combustíveis para o Programa de Monitoramento da Qualidade dos Combustíveis e Lubrificantes do Governo Federal. Em 2019, foram feitas cerca de 5.000 análises no RN. O índice de não conformidade varia de 0 a 3%.
Para participar do aplicativo, os administradores de postos devem assinar um contrato junto ao LCL para aceitar as inspeções por parte da equipe do laboratório.
Serão duas por mês, as quais os postos não terão conhecimento dessas datas, buscando garantir a isenção do processo.
Essas inspeções terão um custo pago aos pesquisadores, com o objetivo de garantir a manutenção dos equipamentos e o translado com o material até a sala de análises.
Aliado a isso, o professor Valter explica ainda que o usuário poderá ver sua posição geográfica, os postos mais próximos com combustível aprovado, a data da última visita, quais produtos têm naquele posto e os serviços complementares, como borracharia, conveniência, entre outros.
Segundo Valter Fernandes, um posto só ficará disponível no aplicativo se todos os combustíveis à venda naquele estabelecimento estiverem em conformidade com as normas técnicas exigidas por parte da ANP.
“Há vários aspectos que o dono do posto não percebe quando ele recebe, como a questão da condutividade elétrica. Ele não vê o pH do álcool, o teor de enxofre no diesel, o teor de biodiesel no diesel, não consegue perceber se a gasolina está com algum tipo de contaminação, de algum tipo de solvente. A gente pega tudo isso aqui. O dono do posto tem vantagens e acaba ficando protegido”, explica.
Atualmente, oito dos cerca de 580 postos do Estado já estão credenciados junto ao aplicativo. São quatro em Natal e os demais em Macaíba, São José de Mipibu, São Gonçalo do Amarante e Serra Caiada. Com a gasolina beirando os R$ 5,00 em Natal, ele conta que os usuários devem ficar atentos a qualidade dos combustíveis, tanto para o veículo, quanto para o meio ambiente.
“Um combustível de boa qualidade garante a economia em vários aspectos: você vai rodar mais quilômetros por litro. Segundo, economia porque você vai ter menos manutenção no seu carro. Um combustível de má qualidade pode gerar vários problemas, como entupimento nos ciclo injetores, carbonização no motor, empenamento de válvulas e até mesmo a fratura no bloco do motor. Além da questão do meio ambiente”, explica Valter.
O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do RN (Sindipostos/RN), Antônio Cardoso, avaliou como positiva a chegada do aplicativo.
“A nossa visão é que o consumidor terá mais uma garantia de que o produto que ele está colocando no veículo dele reflete a qualidade que é determinada pela ANP”, aponta. O dono [do posto] tem a oportunidade de mostrar que o produto dele está conformidade e o consumidor tem a certeza de que o posto fornece um produto conforme.
Qualidade
Em outubro deste ano, no Rio Grande do Norte, o combustível teve um Índice de Conformidade (%IC) de 98,5%. Esse índice corresponde ao cálculo a partir do total de amostras conformes para os três combustíveis (Gasolina, Etanol e Diesel) divididos pelo número total de amostras coletadas. Essas taxas são divulgadas mensalmente pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) divulga um Boletim de Monitoramento da Qualidade dos Combustíveis, que avalia os produtos em todo território nacional.
A ANP aponta que uma não-conformidade, isto é, alguma divergência entre os valores observados e os especificados para determinado parâmetro físico-químico monitorado, não necessariamente significa uma adulteração no combustível.
A reportagem da TRIBUNA DO NORTE questionou a ANP a respeito de fiscalizações, interdições de bombas e o motivo desses bloqueios, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.
Fonte: Tribuna do Norte
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