Incentivo a carros elétricos e restrição a veículos a combustão são essenciais para respaldar investimentos da iniciativa privada

A transição da frota de veículos movidos por motor a combustão para modelos elétricos é uma tendência sem volta. Esse é o diagnóstico de especialistas na área de mobilidade sustentável.

No ano passado, a venda de carros desse tipo no Brasil cresceu 75%, e chegou a 35 mil unidades. Mas, apesar da ampliação, “descarbonizar” por completo o setor de transportes ainda esbarra em empecilhos regulatórios e de infraestrutura.

“É um processo sem volta. O mundo caminha em uma velocidade muito grande, tenho certeza de que o Brasil vai fazer parte dessa revolução”, frisou o presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), Adalberto Maluf. “O Brasil tem um parque produtivo importante , precisa estar mais inserido”.

99

A empresa, que conecta motoristas de carros particulares a passageiros, lidera no país o processo de eletrificação dos carros por aplicativo. Segundo o diretor sênior de Inovação e Operações da 99, Thiago Hipólito, a ideia é “iniciar uma agenda de sustentabilidade mais robusta, com carro por aplicativo. Por isso, pretende “lançar a categoria de carro elétrico no Brasil”.

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Desafios

“A discussão que a gente tem aqui é: primeiro tenho que ter a infraestrutura para habilitar a venda, ou tenho a demanda para habilitar a infraestrutura?” indagou Hipólito. Ele mesmo respondeu que, para ampliar esse mercado, é preciso que haja “a combinação entre inciativa privada, com investimento e esforço deliberado, que tem que ser coordenado, somado a políticas (públicas) concretas nessa direção”.

No horizonte, está o fim do carro a combustível.

O objetivo inicial da 99 é ter uma frota de 300 carros elétricos em circulação ainda neste ano. O país ainda não tem uma infraestrutura adequada de eletrovias e pontos de recarga que viabilizem a circulação desses veículos. Adalberto Maluf afirmou que a ABVE tenta sensibilizar o governo federal a contemplar, nos contratos de licitação de rodovias, cláusulas para que as estradas ofertem pontos de recarga elétrica.

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Preço proibitivo

Outro problema que dificulta a ampliação do mercado é o custo elevado: mesmo modelos compactos são negociados a partir de R$ 160 mil. A 99 testa carros elétricos na rua para calcular em quanto tempo o investimento para a compra desses veículos se paga com o aumento da eficiência. A mobilidade elétrica é 6 vezes mais eficiente do que o combustível fóssil.

O secretário de Saúde de Santo André (SP), José Police Neto, que também participou do debate, defende que o custo se paga no longo prazo. “A atividade de baixo carbono elétrica é cara por si, mas ela se financia”, explicou Police Neto. Dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP) apontam que a energia elétrica é 75% mais barata do que a gasolina. “Não é mais caro. Lá na frente, o valor financeiro líquido é muito positivo para aquele que inicia a otimização, descarbonização e eletrificação”.

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Transição

Em 2009, a Prefeitura de São Paulo implementou a “Lei do Clima”, que já previa o estímulo ao uso de meios de transporte menos poluidores e que pode servir de exemplo para outros municípios nessa questão. Uma das medidas indicadas na lei foi a substituição da frota de ônibus a diesel por coletivos elétricos.

Nesse sentido, o secretário José Police Neto sugere lógicas de incentivo aos carros elétricos e restrição aos movidos a combustão, como a cobrança de pedágios urbanos: valores referentes ao uso de veículos mais poluidores por quilômetro rodado. Outra estratégia é que as prefeituras definam prazos para por fim ao licenciamento desse tipo de automóvel.

“Se de um lado você tem que oferecer benefícios, de outro, você tem que limitar o ingresso de novos veículos nessa lógica, para encontrar esse ponto de virada para termos cidades mais sustentáveis, de mais ‘saudabilidade’, diminuindo a ocorrência de doenças respiratórias e aliviando as pastas da saúde”, afirmou.

Em um período de transição, modelos energéticos diferentes vão acabar coexistindo, por exemplo, com os carros flex, que permitam o uso de etanol e eletricidade. Hoje, há 90 mil híbridos deste tipo no país. “O Brasil tem o biocombustível, será natural que a nossa transição passe pelo híbrido flex, mas a gente precisa se inserir nessas cadeias globais”, disse Adalberto Maluf, da ABVE.

Meio ambiente

Por um lado, os carros elétricos podem representar uma alternativa para reduzir as emissões de carbono no ambiente e contribuir para uma agenda global de contenção do aquecimento do planeta. Isso porque o setor de transportes é responsável por 13% dessas emissões.

Por outro, há o receio de que haja o agravemento de problemas como a mineração em terras protegidas, com o fim de  obter matéria-prima para a produção das baterias. “A gente tem que prestar atenção nos impactos, mas a indústria petroleira também tem seus impactos”, ponderou Adalberto Maluf. “Tem impacto importante o resíduo da eletrificação, mas nem se compara com os esforços que temos que fazer para impedir as mudanças climáticas”, emendou José Police.

Segundo Maluf, o tempo de vida útil das baterias chega a quase 30 anos. Na primeira década, são usadas nos veículos, e nas seguintes, podem ser aproveitadas em usinas estacionárias de geração de energia solar. “Você pode reciclar essa bateria quase que totalmente. Com o aumento dos preços dos insumos, a reciclagem de baterias avança bastante no mundo”.

Saúde

Em grandes metrópoles, como São Paulo, a poluição agravada pelos gases emitidos pelos veículos, compromete a saúde da população que vive dos centros urbanos. “As doenças respiratórias estão ganhando cada vez mais protagonismo”, pontuou José Police. Por isso, ele defende que o uso de carros elétricos seja ampliado nas cidades, que concentram 80% da população.

Fonte: Jota

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