Apesar da nova redução no preço do diesel, a gasolina continua com valores inalterados, mesmo com margem para corte, segundo especialistas do setor.
A Petrobras anunciou uma nova redução no preço do diesel vendido às distribuidoras. Ao mesmo tempo, há muitos questionamentos sobre a ausência de redução no preço da gasolina.
A partir desta terça-feira, 6, o valor por litro terá um corte de R$ 0,16, o equivalente a 4,66%. Esta é a terceira redução em pouco mais de um mês. A medida reacende a discussão sobre os preços da gasolina, que seguem inalterados.
A estatal informou que, desde dezembro de 2022, o preço do diesel foi reduzido em R$ 1,22 por litro, acumulando queda de 27,2%.
Os ajustes vêm acompanhando a tendência de baixa do petróleo no mercado internacional.
Tanto o Brent quanto o WTI, os dois principais tipos de referência, foram negociados abaixo de US$ 60 na última segunda-feira, 16. Esses valores são os menores desde fevereiro de 2021.
Gasolina continua no mesmo valor
Apesar da redução no diesel, os preços da gasolina permanecem os mesmos para as distribuidoras.
A Petrobras não anunciou qualquer mudança nesse combustível, mesmo com a queda na cotação do petróleo.
A diferença de tratamento entre os dois combustíveis levanta dúvidas sobre os critérios usados pela estatal.
Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), os preços da gasolina no Brasil estão 9% acima da paridade internacional.
Isso significa que haveria margem para uma redução de até R$ 0,26 por litro, se a Petrobras seguisse a lógica da paridade.
Petrobras evita divulgar fórmula
Atualmente, a política de preços da Petrobras busca refletir os preços internacionais, mas sem repassar todas as oscilações ao consumidor.
Mesmo assim, a petroleira é alvo de críticas por não divulgar uma fórmula concreta de cálculo. A falta de transparência torna difícil prever quando e como os reajustes serão feitos.
Nos últimos meses, o mercado internacional do petróleo passou por seguidas quedas.
Analistas apontam como causas a desaceleração econômica global e o aumento da produção anunciado pela Opep, o que pressionou os preços para baixo.
Diesel já tem impacto limitado nas bombas
O corte no preço do diesel ainda não garante queda imediata nos postos.
Isso porque o repasse depende de fatores como margens das distribuidoras, impostos e a mistura de biodiesel.
O presidente do Sincopetro, José Alberto Paiva, afirmou que os postos só conseguem repassar o desconto se o fornecedor também reduzir os valores.
Mesmo assim, a expectativa é de algum alívio para o consumidor. Estima que o preço final do diesel pode cair até R$ 0,13 por litro, considerando a mistura com biodiesel.
Espaço para corte na gasolina
A desvalorização do petróleo tipo Brent no último mês, que chegou a 16%, foi o principal fator que permitiu a nova redução no diesel.
Essa mesma tendência pode justificar um corte nos preços da gasolina.
Até o momento, no entanto, a Petrobras não anunciou nenhuma mudança nesse sentido.
A diferença entre os dois combustíveis, com o diesel sendo reduzido e a gasolina mantida, deverá continuar no centro das discussões.
Escrito por: Fabio Lucas Carvalho
