Cartões de frota avançam sobre margens do postoHá casos em que as administradoras já pedem 38 dias para devolução, fora a semana do fechamento, o que chega a até 45 dias desde que o posto entregou o combustível.

A participação dos cartões pré-pagos no pagamento de combustíveis vem crescendo significativamente. Para a revenda, a notícia só não é melhor porque muitas das empresas que mantêm cartões de administração de frota estão aumentando suas taxas e também prorrogando os prazos de pagamento das vendas efetuadas pelos postos. 

Há casos em que as administradoras já pedem 38 dias para devolução (pagamento), fora a semana do fechamento, o que chega a até 45 dias desde que o posto entregou o combustível ao usuário do cartão.

A realidade é inversa a dos cartões de crédito e débito que, devido à concorrência, baixaram os percentuais cobrados pela intermediação do pagamento. A média hoje é de 2,5% para crédito e 1,5% para operações de débito em postos de combustíveis. 
Já entre as empresas de cartões pré-pagos, há casos em que a taxa chega a 4,2%.

Indefinição
O mercado de cartões de administração de frotas é regulado pelo Banco Central (BCB) e está previsto na nova legislação de meios de pagamentos do País (Lei 12.865/13). 

Atualmente há um grande número de cartões, dos quais os mais conhecidos são Ticket Card, Good Card, Sodexo Pass, VR Auto, Policard, Pix-Fleet Card, Fit Card, Repon e Vale Card. 

Para José Camargo Hernandes, presidente do Sindicombustíveis Resan, o avanço desses cartões sobre as margens da revenda permite afirmar que os vilões já não são mais os cartões de crédito. Ele cita um contrato assinado em 2006 por ele com uma destas bandeiras cuja taxa de administração estava fixada em 1,5%, com prazo de 30 dias para devolução do dinheiro ao posto. 
“Agora, já aumentaram para 3,5% e para 35 dias e ainda estão querendo ampliar o prazo para 38 dias, fora a semana de fechamento, o que dará 41 dias na média para me devolver o dinheiro”.

Artur Schor, do Auto Posto Vila Nova, em Cubatão, cita um caso em que bastou a empresa conseguir a conta de um órgão público da Cidade para passar a margem de 3,2% para 4,2%. “Elas usam a concorrência como arma. Sabem que o revendedor não pode perder aquelas vendas e, por isso, mudam as regras do jogo a toda hora. Em muitos dos contratos, as taxas são anotadas a caneta pelo representante que nos procura”, explica, destacando a dificuldade que é ser atendido para resolver um problema ou para renegociar as cláusulas.

“Enquanto, em tese, a polêmica do cartão de crédito, o que inclui taxas abusivas
e a possibilidade de diferenciação de preço para compras à vista e a prazo, está
bem encaminhada, estamos vendo, agora, os cartões de administração de
frota corroendo as margens dos combustíveis”. 
José Camargo Hernandes, Presidente do Sindicombustíveis Resan

Abusos
Postos & Serviços fez uma pesquisa junto aos postos da Baixada Santista e constatou que a cobrança de taxas varia entre 2,5% e 4,2%. Mas como saber se essas taxas estão de acordo com o que diz a lei? Há abusos? Quem regula esse mercado? 
P&S tentou entrar em contato com algumas das administradoras, sem sucesso. Não há telefones na maioria dos sites e, quando se consegue contato, a resposta é que não há interesse da empresa em participar da reportagem.

Ainda assim, P&S conseguiu fazer algumas simulações pela internet onde constatou que há casos em que a empresa administradora do cartão recebe à vista do cliente, que também paga uma taxa e, ainda assim, demora mais de um mês para devolver o dinheiro ao posto, cobrando mais um percentual a título de administração.

De acordo com assessoria de imprensa do Banco Central, a instituição não tem estatísticas sobre o segmento. “As empresas que proveem esse tipo de serviço ainda estão em processo de autorização nesta autarquia e, portanto, só após a conclusão desse processo é que o BCB passará a supervisioná-las e obter dados”. Da mesma forma, questionamos se há controle por parte do banco sobre as taxas de administração cobradas pelos cartões de combustíveis. A resposta é que as taxas são livres, como qualquer preço de mercado regulado pelo Banco Central. Também não há regras para o prazo de liquidação das operações. Ou seja, caberá ao comerciante resistir aos contratos que oferecem cláusulas abusivas.

“Nas maiores empresas, o principal problema é a imposição de prazos mais longos para o posto receber a venda. Em uma das maiores administradoras, temos que acumular as vendas da semana e enviar todas as faturas num dia determinado para cada posto. No meu caso é a segunda-feira. Se eu perder a data ou for feriado, terei de esperar até a próxima segunda para enviar o relatório e daí esperar 38 dias para receber”, concluiu Scho

Fonte: Revista Postos e Serviços 

Artigo anteriorInmetro esclarece sobre o novo modelo da proveta de 100 ml
Próximo artigoQuais são as responsabilidades do posto em caso de assaltos?
O Blog Brasil Postos é a maior fonte de informação de notícias e conteúdos para o segmento de postos de combustíveis e lojas de conveniência. Cerca de 75% dos gestores de postos de combustíveis acessam a plataforma do Portal Brasil Postos pelo menos uma vez por mês.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here