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Um dos principais ativos do plano de venda de ativos da Petrobras, a BR Distribuidora está perdendo mercado para a concorrência, em meio aos cortes de investimentos da estatal no setor de distribuição. Dados do mercado, contudo, indicam que a fatia da BR tem sido absorvida em sua maior parte não pelas grandes rivais, como a Ipiranga e a Raízen, mas pelas pequenas distribuidoras e pela bandeira branca, postos independentes que têm conseguido aumentar sua presença no mercado com o foco em preços mais baixos.

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Levantamento feito pelo Valor, com base em dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom), mostra que a BR Distribuidora perdeu participação em todos os principais mercados (diesel, gasolina e etanol) ao longo do primeiro semestre.

“A tônica da gestão BR hoje é a recuperação do caixa. Num ambiente de mercado mais recessivo, como o atual, priorizar a rentabilidade pode significar perda de participação para os concorrentes”, avalia o sócio-diretor da CVA Solutions, Sandro Cimatti.

Só no caso do diesel, o combustível mais consumido no país, a participação de mercado da companhia caiu 3,44 pontos percentuais (p.p.), embora a BR ainda se mantenha líder na comercialização desse derivado. Ipiranga, Raízen e Ale, as grandes concorrentes da estatal, contudo, só abocanharam cerca de um terço dessa fatia perdida e a maior parte da perda de mercado da BR acabou sendo absorvida pelas pequenas distribuidoras e pelos postos de bandeira branca.

O recuo da BR se dá num momento em que a empresa corta seus investimentos, frente à limitação do caixa de sua controladora. Ao todo, a Petrobras investiu, no primeiro semestre, R$ 220 milhões no segmento de distribuição – uma redução de 42% ante igual período do ano passado. Para efeitos de comparação, a Ipiranga, a principal concorrente da companhia, investiu R$ 347 milhões no primeiro semestre deste ano, o que representa um aumento de 38% na mesma base de comparação.

Além da redução dos investimentos e do reajuste das margens, visando a recuperação do caixa da empresa, a avaliação interna na BR é de que a perda de participação é fruto também da exposição maior da estatal aos segmentos industrial e elétrico – que, num ambiente de retração da economia e de menor despacho termelétrico, afetam muito mais a BR do que as demais distribuidoras.

As principais concorrentes da BR, contudo, também perderam espaço em alguns segmentos. No caso do mercado de gasolina C (adicionada ao etanol anidro), por exemplo, a fatia da BR caiu 1,81 p.p., mas, com exceção da Raízen, as associadas ao Sindicom também perderam espaço para as empresas menores. Nas vendas de etanol hidratado, por sua vez, a participação da distribuidora da Petrobras recuou 3,17 p.p., enquanto suas principais concorrentes perderam, juntas, 2,56 p.p. desse mercado.

Cimatti explica que, num cenário de retração econômica, o consumidor tende a ficar mais sensível a preços baixos, justamente o diferencial da bandeira branca. Sem contratos de exclusividade na compra de combustíveis de uma determinada marca, esses postos têm a vantagem de poder negociar com qualquer fornecedor e, com mais flexibilidade nos contratos, têm acesso maior a descontos na compra de cargas – o que lhes permite, muitas vezes, oferecer preços menores aos clientes finais.

“A bandeira branca é muito sensível a preço. Num momento de crise, elas têm mais condições de conseguir preços menores. Isso pode de certa forma explicar esse crescimento [de participação de mercado das redes de bandeira branca]”, diz o consultor.

Some-se a isso o fato de a paridade de preços no mercado estar favorável às importações de gasolina e diesel, diante das altas margens praticadas pela Petrobras no fornecimento dos derivados no mercado nacional. Com isso, as pequenas empresas conseguem importar, sobretudo diesel, a preços mais baixos que o praticado nas refinarias – o que por sua vez lhes permite conceder descontos nos demais produtos, como etanol e gasolina, para conquistar mercado sem perder rentabilidade na operação.

“Como a BR é a única das grandes distribuidoras a não ter uma trading própria para realizar suas importações, não consegue crescer sua participação no volume total importado no Brasil”, comentou uma fonte a par do assunto, sobre os efeitos do aumento da importação sobre a perda de mercado da distribuidora da Petrobras.

Os dados da ANP ajudam a ilustrar como a estatal tem perdido espaço para a importação de combustíveis por terceiros, diante das altas margens praticadas pela estatal na vendas de derivados nas refinarias: a participação da produção nacional de diesel no consumo total do combustível no Brasil caiu de 92,3% para 85,8% entre o primeiro e segundo trimestres.

Durante teleconferência com investidores, no mês passado, o diretor de Refino e Gás Natural da Petrobras, Jorge Celestino, disse, no entanto, que a empresa se sente, atualmente, “confortável” com a situação do mercado, num sinal de que a companhia não pretende rever seus preços no curto prazo, mesmo com a perda de participação.

Após reportar uma queda de 7% nas vendas de derivados no Brasil, no primeiro semestre, a estatal, avalia o executivo, aposta numa melhora na demanda na segunda metade do ano.

No primeiro semestre, a Petrobras acumulou um lucro operacional de R$ 220 milhões no segmento de distribuição – o que representa uma retração de 83% frente aos seis primeiros meses do ano passado.

Procurados para comentar o assunto, BR, Ipiranga, Raízen e Sindicom preferiram não se manifestar sobre a evolução da participação de mercado no primeiro semestre.

Fonte: Minaspetro

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