Há um clima de pânico no ar.

Não faz nem uma semana, uma reportagem publicada pelo respeitado diário britânico Financial Times alertou que os maiores traders de petróleo do mundo vem falando abertamente sobre o perigo de que haja uma “escassez sistêmica” de óleo diesel caso as sanções contra a Rússia levem a uma disrupção mais séria nas linhas de fornecimento do derivado com destino à Europa.

Com o diesel importado correspondendo a quase um quarto – no ano passado mais de 14,2 milhões de m³ entraram no país – da demanda brasileira, o golpe não seria nada pequeno também deste lado do Atlântico. As perspectivas já vêm tirando o sono de muitas das distribuidoras.

Cortes da Petrobras

Não é de hoje que a Federação Nacional das Distribuidoras de Combustíveis, Gás Natural e Bicombustíveis (Brasilcom) vem reclamando de dificuldades para manter o abastecimento de diesel, segundo o diretor institucional da entidade que congrega distribuidoras regionais, Sergio Massillon, a Petrobras vem rotineiramente deixando de cumprir integralmente contratos de fornecimento de diesel.

“[Nossas] associadas estão encontrando dificuldades para conseguir receber todo o volume de seus pedidos mensais (…) são cortes repetidos e significativos”, alerta.

A crise global pode ameaçar o abastecimento de combustíveis no Brasil. Em Minas, o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo (Minaspetro) teme uma possível falta de diesel. Segundo informou a entidade nesta quinta-feira (24), a Petrobrás está com o fornecimento atual de 80% da demanda.

O cenário, no entanto, deve se agravar ainda mais em abril, já que os 20% restantes deveriam ser supridos por combustível importado. Contudo, devido à atual crise, as empresas importadoras não estão trazendo o produto do exterior.

“Segundo os representantes das companhias distribuidoras, com o atual valor do preço do petróleo e câmbio, a compra de um navio gera um prejuízo de mais de R$ 100 milhões. As companhias relataram, inclusive, que estão tendo dificuldades para atender suas redes contratadas”, disse por meio de nota.

O Minaspetro alertou que os revendedores e os de marca própria mantenham os estoques de diesel dentro de uma margem de segurança e sigam em contato direto com as distribuidoras, “para que os impactos da crise sejam minimizados no mês que vem”.

SINDPETRO PB alerta para risco de faltar combustíveis em postos. Assista ao vídeo ?

Racionamento de combustível pode causar desabastecimento no Piauí

Além da alta no valor da gasolina, outro problema pode vir à tona nos próximos dias: o desabastecimento de Diesel no estado. Isso porque, de acordo com o Sindicato dos Postos Revendedores de Combustíveis do Piauí (Sindipostos-PI), a Petrobras não está entregando a quantidade de combustível que as distribuidoras estão pedindo. 

“Tivemos um problema inicial em função das companhias estarem dependendo das refinarias da Petrobras para ter os seus volumes atendidos. Esses volumes não foram atendidos por conta de um realinhamento que a Petrobras está fazendo e a consequência é essa. Se eles não recebem os volumes solicitados, não conseguem entregar aos postos os volumes que os postos precisam”, explica Andrade Silveira, coordenador do Sindipostos-PI.

Risco de desabastecimento cresce com a falta de produto no Brasil por causa da alta dos preços

Além disso, outro fator está comprometendo a chegada do Diesel no estado: a linha ferroviária, que transporta o combustível, está em manutenção devido a problemas técnicos. “Desde a semana passada buscamos os produtos e desde quarta-feira ficamos sem a principal linha de chegada do produto, que é a linha férrea. Ela está interditada com problemas técnicos e isso agravou ainda mais a situação”, pontua Andrade Silveira.

O problema deve afetar apenas o abastecimento de diesel e o Sindipostos alerta que, aqueles que utilizam com mais frequência o combustível, devem raciocinar o uso e manter o tanque cheio. “O alerta que damos é criar racionalidade em termos de consumo. Aqueles que usam com mais frequência devem manter o tanque do carro cheio. Isso não é um alerta para saírem correndo para abastecer. Ainda não existe essa tendência, mas se não houver reposição dos estoques, nós teremos problemas com relação ao abastecimento”, finaliza o coordenador do Sindipostos-PI.

Fonte: https://portalodia.com/

Sindcombustíveis/ MA descarta desabastecimento de óleo diesel no Maranhão

Dificuldade de importação do produto pelas distribuidoras vem preocupando outras regiões do país.

A Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis) alerta para a possibilidade de desabastecimento de óleo diesel no mercado brasileiro, tendo em vista a dificuldade de importação do produto pelas distribuidoras.

Em relação a esse cenário no estado, o presidente do Sindicato dos Revendedores de Combustíveis do Maranhão (Sindcombustíveis/MA), Leopoldo Santos, disse que o momento é preocupante, mas descartou o desabastecimento no estado.

“Existe uma diminuição na oferta, o momento é complicado, mas não vejo situação de desabastecimento de óleo diesel no estado”, ressaltou. 

Mas em estados como o Pará e Minas Gerais, os sindicatos de revendedores de combustíveis manifestaram preocupação com o atual cenário.

Segundo a Fecombustíveis, revenda já está passando por um contingenciamento nas entregas de óleo diesel por todas as distribuidoras. “O atual preço da cotação do petróleo, o câmbio e a defasagem de preços com as refinarias Petrobras, pela falta de atualização do PPI [Preço de Paridade de Importação], deixaram as distribuidoras regionais numa situação comercial mais complicada, uma vez que elas comercializam volumes menores e alegam dificuldade em diluir a diferença entre o preço do produto importado e o valor das refinarias Petrobras”, explicou a Fecombustíveis em documento enviado à Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

No Pará, o Sindcombustíveis-PA também enviou carta à ANP informando que os postos do estado estão sofrendo dificuldades para adquirir combustível das distribuidoras, em especial o diesel.

Presidente do Sindicato dos Postos de Combustíveis e Lojas de Conveniências (Sindicombustíveis) alerta para risco de desabastecimento de combustível

Para Paulo Tavares, presidente do Sindicato dos Postos de Combustíveis e Lojas de Conveniências (Sindicombustíveis) do Distrito Federal, o risco de desabastecimento no país é real.

“Como o Brasil é autossuficiente em petróleo, mas não é autossuficiente em produto refinado, precisa importar de 30% a 35% desse produto, dependendo da região do país. Aí, nesse caso, o produto importado está muito mais caro. Os postos de combustíveis que são chamados de bandeira branca, que geralmente compram um produto importado das distribuidoras que importam, que não vem diretamente das refinarias da Petrobras – que as refinarias da Petrobras tem contratos vigentes com as grandes distribuidoras, as maiores, Shell, Ipiranga e BR – e aí falta produto para esses postos chamados bandeira branca, aqueles que não têm marca”.

A Petrobras diz que os últimos aumentos só refletem parte da elevação dos preços internacionais do petróleo, que foram impactados pela oferta limitada, resultado direto do conflito. Segundo Tavares, apesar de caro, o combustível estaria mesmo mais barato que os preços praticados no mercado internacional.

Com essa defasagem de valores, as distribuidoras ficariam sem condições de importar o produto a um preço elevado para vender por muito menos dentro do Brasil. A única alternativa para a Petrobras seria um novo reajuste. “Se a Petrobras não conseguir produzir suficiente tem que importar. Se a importação está muito mais cara, vai ter que haver o repasse de preço. Então precisa acompanhar como é que estão os focos das distribuidora”, alega.

Vai faltar gasolina e diesel no Brasil? UBS BB responde

Em relatório de sexta-feira (25) sobre a Petrobras, o Banco UBS BB disse ver riscos limitados para uma escassez estrutural de combustível (gasolina e diesel) no Brasil.

A avaliação é feita pelo banco após associações do setor relatarem preocupações com uma falta de capacidade da Petrobras de atender toda a cota de fornecimento solicitada pelas distribuidoras de combustíveis.

“Depois dos reajustes de preços feitos pela Petrobras, acreditamos que os riscos de uma escassez generalizada de combustível para o país são pequenos”, disse o UBS BB.

O banco espera que as distribuidoras se mobilizem para importar o produto, como foi feito no quarto trimestre do ano passado, diz trecho do relatório assinado por Luiz Carvalho e equipe.

oferta global do diesel diminuiu devido à redução das exportações de Rússia, levantando preocupações sobre quais países poderiam vir preencher essa lacuna.

Para o UBS BB, há risco de a disponibilidade global do produto se tornar uma preocupação se a situação piorar ainda mais, embora o banco diga esperar a normalização da situação.

“A oferta restrita na Europa pode pressionar os preços para cima e exigir aumentos adicionais de preços no mercado interno“, destacam os analistas.

Demanda por combustíveis

A Petrobras sustenta que não pode ser a única fornecedora de combustíveis para o Brasil – e que, principalmente no caso do diesel, terceiros precisam contribuir com importações.

“Os dados parecem mostrar que, por enquanto, o mercado tem condições de suprir a demanda brasileira com importações”, disse o UBS BB.

No entanto, o banco diz que no longo prazo é necessária estabilidade regulatória suficiente para garantir investimentos e atendimento.

“No ano passado o mercado já viu sinais de que preocupações na estabilidade regulatória e nas políticas de preços livres estavam travando investimentos”, diz.

Impacto para Petrobras e empresas de distribuição

O UBS BB avaliou que um cenário que obriga as empresas de distribuição de combustíveis a importar é benéfico para as maiores companhias do setor.

“Essas empresas são as mais eficientes na importação e têm maior capacidade de repasse de preços, com menor preocupação conseguir vender esses volumes, dada sua participação de mercado e redes de postos”.

O UBS BB pondera que devido à forte volatilidade e fraco crescimento econômico em 2022, a possibilidade aumento das margens é limitada se comparada ao quarto trimestre do ano passado.

 

 

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