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Em um mercado competitivo, reajustes quase diários da gasolina e do diesel nas refinarias têm levado à redução de margens nos postos de combustíveis

 Criada em outubro do ano passado pela necessidade de alinhar os preços do diesel e da gasolina praticados no Brasil e no mercado internacional, a nova política de preços da Petrobras está deixando a revenda atordoada. Os reajustes quase diários nas refinarias têm levado à redução de margens de lucro pela impossibilidade de repasse dos aumentos em um mercado extremamente competitivo.

De acordo com a estatal, a nova política teria como base dois fatores: a paridade com o mercado internacional – também conhecido como PPI e que inclui custos como frete de navios, custos internos de transporte e taxas portuárias – mais uma margem que será praticada para remunerar riscos inerentes à operação, como, por exemplo, volatilidade da taxa de câmbio e dos preços sobre estadias em portos e lucro, além de tributos. Também ficou definido que não seriam praticados preços abaixo desta paridade internacional.

A principal diferença em relação à política anterior seria o prazo para os reajustes em relação ao mercado internacional. Inicialmente, previa avaliações para revisões e preços pelo menos uma vez por mês e que, como o valor desses combustíveis acompanharia a tendência do mercado internacional, poderia haver manutenção, redução ou aumento nos preços praticados nas refinarias.

Se não fosse suficiente a mudança, em junho deste ano mais uma novidade. O presidente da Petrobras, Pedro Parente, anunciou mudança na frequência dos reajustes para acompanhar a volatilidade do dólar e do preço do petróleo no mercado. A partir daí, os preços dos combustíveis sofreram diversos ajustes, para mais e para menos, em intervalos cada vez menores de tempo sem que tenham sido divulgadas com clareza as razões que motivavam tais ajustes.

Segundo o governo, a política de preços da Petrobras é irreversível. O entendimento é de que a manutenção da política de preços da estatal e a confirmação do crescimento de mercado esperando farão com que o Brasil tenha, futuramente, projeto de refino, atraindo capital privado novo, com reflexos em toda a cadeia de combustíveis. Uma das consequências seria uma maior competitividade no segmento de distribuição e uma inédita competição no mercado de refino.

Porém, até que esses benefícios venham, é a revenda que tem sofrido a maior consequência porque ficou sem referência de preços. “O controle de estoque ficou mais complicado”, afirma Rogério Márcio Borges, dono do Auto Posto Ateneu, em Goiânia. Isso porque o preço pago pela revenda é o do dia da entrega. “Você pede o combustível em um dia está um preço, quando o carregamento chega o preço ká mudou”, comenta.

No caso do diesel, que tem sofrido as maiores altas, o empresário diz que tem comprado volumes menores na expectativa de que o preço caia. “são estratégias que estamos adotando para evitar perdas maiores, mas estamos no escuro. Repassar os reajustes é impossível por causa da concorrência”, pondera.

De um modo geral, essa é a avaliação da revenda goiana. Eliswaldo de Azevedo Machado, dono do Auto Posto T-9, em Goiânia, diz que o momento é muito difícil. “Estamos atordoados. Só assistindo, sem saber o que fazer”, desabafa ele afirmando que já demitiu dois funcionários e vai demitir mais um por causa da redução das margens de lucro. “Temos que brigar com a concorrência em relação a preço. Não tem como repassar os reajustes. O jeito é tentar reduzir os custos”, argumenta.

“A mudança também afetou muito a rotina dos postos, que têm que acompanhar os novos preços constantemente para evitar prejuízos”, ressalta Mário Fernandes Júnior, dono do Auto Posto Radial, em Goiânia. Ele reclama que quando o reajuste é para baixo a distribuidora, que no caso dele é a BR, da própria Petrobras, demora a repassar. Mas, quando é para cima, o repasse é imediato. “Estamos acumulando prejuízos desde que foi lançada essa nova política de reajuste”, reclama.

Dono de uma rede de 26 postos em Goiânia e região metropolitana, a V&V Rede de Postos, Valdeci Siqueira Batista, diz que tem trabalhado com uma margem de lucro para a sobrevivência do negócio. Diante da impossibilidade de mexer nos preços de bomba com tanta frequência, está acumulando prejuízos que chegam a R$400 mil/mês devido aos volumes comercializados pela rede, que alcançam entre 6 e 7 milhões de litros mensais. “Não acredito que os postos terão condições de acompanhar essas mudanças de preços”, avalia pessimista o cenário futuro.

O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Goiás (Sindiposto), José Batista Neto, também vê como apreensão o cenário atual, mas acredita que o maior problema é a adaptação do mercado. “Esta é uma fase de ajustes para todos. Inclusive para o consumidor, que terá que se conscientizar de que os preços serão alterados com maior frequência nas bombas”, avalia.

José Batista acredita que no médio e longo prazo a medida realmente terá reflexos positivos para o mercado e para o país. “É bom porque é o preço real do petróleo. Não tem maquiamento de preços, nem uso político como no passado”, observa. “O mercado de petróleo é mesmo volátil e sofre interferências das mais diversas, como guerras, furacões e terremotos, podendo mudar completamente o cenário da oferta e demanda do dia para a noite e isso reflete no preço”, conclui.

FONTE: Revista Sindicombustíveis Bahia | Nº 28

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