Primeira unidade da Lavô Street foi inaugurada na primeira quinzena de junho, em São Paulo. Rede prevê expansão em 2026, com projeção de 10% de crescimento na receita
Transformar o momento da lavagem de roupas em uma experiência produtiva e agradável para os clientes com a disposição de uma cafeteria no mesmo ambiente.
Essa é a proposta da Lavô, rede de lavanderias self-service, ao apostar no lançamento de um modelo de negócio híbrido em parceria com a United Coffee & Co. Com uma unidade recém-inaugurada no Itaim Bibi, na Zona Oeste de São Paulo, a rede prevê a abertura de cinco novas operações do formato batizado de Lavô Street até o fim de 2025. A expansão para todo o país deve ser iniciada no ano que vem, com projeção de aumento de 10% na receita. Em 2024, a Lavô faturou R$ 20 milhões.

Fundada em 2018, a marca possui mais de 600 lavanderias self-service em operação em todo o Brasil. As unidades funcionam sem nenhum funcionário, sendo gerenciadas à distância por meio de um sistema online. A estrutura conta apenas com máquinas de lavar, produtos de limpeza e totens de autoatendimento para o pagamento do serviço.
Angelo Max Donaton, CEO e fundador da Lavô, destaca que o novo modelo de negócio possibilita que os consumidores otimizem seu tempo enquanto aguardam o ciclo de lavagem e secagem das roupas, que dura cerca de 1 hora. Ele ainda comenta que o processo de elaboração levou três anos, depois da entrada da empresa no sistema de franchising em 2020.

“A Lavô nasceu dentro de postos de gasolina e observamos que os clientes costumavam consumir café, pão de queijo e chiclete nas lojas de conveniência. Além disso, enquanto a roupa está lavando e secando, o consumidor também executa outras tarefas em paralelo. A partir dessa análise de comportamento, decidimos trazer mais comodidade para dentro das lojas com essa nova experiência”, diz.
Embora tenha observado resultados positivos na nova operação, o executivo conta que a fase de testes trouxe desafios e aprendizados. Isso porque o projeto foi inserido por 18 meses em uma unidade franqueada na cidade de Barueri, no interior de São Paulo. De acordo com ele, o resultado foi abaixo do esperado, mas ajudou a constatar o público-alvo do serviço (A e B+).
“Foi o nosso primeiro teste e descobrimos que a localização era boa para a lavanderia, mas não para a cafeteria. A aderência do público consumidor acabou não compensando. Com isso, o franqueado desativou a cafeteria e continuou só com a lavanderia”, pontua.
Ele ainda aponta a importância desse resultado para a evolução do negócio. “Já observamos um movimento positivo na própria inauguração da Lavô Street no Itaim Bibi”, diz ele.
Donaton diz que o interesse pela abertura da cafeteria partiu do franqueado. A operação, que já funcionava como o serviço de lavanderia há quatro anos, passou por reforma e adaptações para receber o modelo híbrido, que se tornou uma possibilidade para os franqueados atuais. Nesse caso, o investimento pode variar entre R$ 100 mil e R$ 250 mil, de acordo com as máquinas e o espaço que o empreendedor já tiver.
“Se adaptarmos uma lavanderia com uma cafeteria, levaremos de 60 a 90 dias para finalização. Agora, se começarmos do zero, tanto a cafeteria quanto a lavanderia em conjunto, o tempo será em torno de 120 a 150 dias”, afirma.
Quanto à estruturação da cafeteria, o CEO da Lavô explica que a United Coffee & CO. é responsável pela elaboração do projeto da unidade, escolha dos equipamentos, bem como o próprio aluguel das máquinas visando a redução de custos. Além disso, a marca oferece o treinamento, acompanhamento e suporte ao franqueado. Nesse formato, o contrato com a marca de cafeterias é com a franqueadora, mas o franqueado deverá contratar funcionários para a operação da cafeteria.
Com foco na oferta de cafés especiais, United Coffee & CO foi fundada em janeiro de 2021 e é chefiada atualmente pelo CEO Bruno Petinatte.
Quanto custa uma franquia da Lavô Street?
O investimento inicial para abrir uma unidade é de R$ 450 mil, com faturamento médio mensal de R$ 60 mil e prazo de retorno previsto em até 18 meses. Donaton ressalta que o modelo de negócio favorece o aumento da margem de lucro, considerando o consumo de produtos na cafeteria aliado ao serviço de lavagem e secagem de roupas nas máquinas profissionais.
Além disso, ele afirma que a fusão entre lavanderia e cafeteria não é só uma estratégia de inovação, mas de resiliência a possíveis crises. “Lavar roupas é um serviço de necessidade básica, e o café, um hábito diário. Além disso, esse modelo comprova nossa premissa de que inovação e conveniência são a chave para os negócios do futuro”, frisa.
A inovação da Lavô Street, ao combinar lavanderia self-service com cafeteria, oferece um insight valioso para o mercado de lojas de conveniência no Brasil. Historicamente, postos de gasolina e suas conveniências já são pontos de parada para diversas necessidades, e a Lavô, inclusive, nasceu nesse ambiente. A estratégia de agregar valor à espera, transformando um tempo “ocioso” em uma experiência de consumo produtiva e agradável, demonstra um caminho promissor. Para as lojas de conveniência brasileiras, isso sinaliza a oportunidade de ir além da oferta básica de produtos, explorando modelos híbridos e serviços complementares que atendam às múltiplas demandas do consumidor moderno, aumentando o tempo de permanência no local e, consequentemente, o potencial de vendas.
Será que os proprietários de postos de combustíveis e suas lojas de conveniência no Brasil não estão subestimando o potencial de transformar o tempo de espera dos clientes em uma nova fonte de receita e fidelização? Em um cenário de crescente competitividade, oferecer mais do que o básico – como um espaço para lavar roupas enquanto se toma um café de qualidade – poderia ser a chave para diferenciar-se no mercado e maximizar o valor percebido pelo consumidor.
Fonte: https://revistapegn.globo.com/