Basta viajar de carro ou de ônibus pelas rodovias do País para perceber que os postos de estrada – ou pontos de parada – mudaram. A velha ideia de que o viajante encontraria sempre comida ruim e banheiros sujos ficou para trás, pelo menos quando se trata de grandes redes que atuam nesse setor. De acordo com Rodolfo Alberto Rizzoto, consultor de projetos de serviços em estradas da empresa RDE, nos últimos cinco anos os grandes grupos – maioria nesse segmento – vem crescendo entre 12% e 15% ao ano.
“O Brasil é essencialmente um país rodoviário, diz Rizzoto. Quase 63% da carga transportada no País segue pelas das estradas. E 90% da população escolhe esta opção quando viaja”.
O Estado de São Paulo, sozinho, conta com 191 rodovias, segundo a Secretaria Estadual de Logística e Transportes de São Paulo. Ao todo, são 35 mil quilômetros de estradas – levando em conta as estaduais, federais e vicinais – o que possibilita que mais de 90% da população do Estado estejam a menos de 5 quilômetros de uma rodovia pavimentada. Outro dado é que de toda a carga movimentada em São Paulo, 93% é escoada por meio de estradas.
As explicações para o fenômeno dos pontos de parada, analisa Rizzoto, são múltiplas. ‘A economia brasileira está numa boa fase, principalmente quando analisamos o interior do Brasil. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, por exemplo, tem se intensificado o número de pessoas que migram para o entorno dos grandes centros, o que faz movimentar os negócios locais.”
Além disso, afirma ele, as concessionárias têm investido cada vez mais na melhoria das estradas. “Há cidades em que a rodovia é vista como a ‘avenida do interior’. As pessoas sabem que nos pontos de parada vão encontrar produtos e serviços 24 horas e se dispõem a dirigir até lá.”
O fato de que esses postos são comandados por grandes redes é explicado pelo valor do investimento inicial, que pode chegar a R$ 15 milhões, segundo Rizzoto. “Claro que existem negócios de menor porte, mas estes geralmente não contam com postos de gasolina e são exclusivamente para viajantes de automóveis.”
Existe uma separação entre os pontos que operam com carros, ônibus e caminhões. A diferença está na estrutura necessária para cada um desses meios de transportes. Para os caminheiros, por exemplo, é essencial um posto de abastecimento e espaço para manobrarem. “As paradas que trabalham com ônibus de viagem costumam receber entre 20 mil a 25 mil pessoas por dia. É preciso ter estrutura adequada para atender a tanta gente”, afirma Rizotto.
Junto com a expansão do setor vem também o aumento da qualidade. “No posto Fazendão, por exemplo, existe uma área só para cachorros, um banheiro para pessoas obesas e cardápio em braille, para cegos” exemplifica o consultor. “E já existem projetos de pontos de parada com hotel acoplado”, diz.
Os desafios do setor, na visão de Rizotto, são a concorrência acirrada em algumas rodovias do Brasil, a exigência de funcionar 24 horas e o trabalho em datas comemorativas, no caso de rodovias de veraneio.
Posto Arco-Íris
Com faturamento de R$ 120 milhões – segundo Luiz Aguiar, um dos sócios administradores da unidade de Roseira (SP) – a rede de postos de parada Arco-Íris atua ao longo da rodovia Presidente Dutra. São três unidades no Estado de São Paulo: nas cidades de Aparecida, Lorena e Roseira.
Aguiar possui também franquias das marcas de restaurantes Montana Grill e Spoleto ,em Roseira, além de outros dois restaurantes, uma lanchonete e uma loja. A unidade conta com posto de gasolina e complexo de alimentação. Além das marcas já citadas, estão no local o McDonald’s, a Casa do Pão de Queijo e o Frango Assado.
“A rede toda vende cerca de 5 milhões de litros de combustível por ano. Em Roseira, são vendidos 3 milhões de litros”, afirma Aguiar. Sobre o fato de o setor ser dominado por grandes empresas, o sócio diz que um dos motivos é que as “companhias de petróleo olham com mais carinho para empresas de maior porte”. Ao lado da alimentação, são os postos de combustível os maiores responsáveis pelas paradas em estradas.
Na visão de Aguiar, a lucratividade do negócio é o maior benefício que um ponto de parada oferece. “Cada ônibus traz, em média, 50 passageiros. Na unidade de Roseira, recebo de 5 mil a 6 mil pessoas por dia.” Ele também esclarece que a maior parte da rentabilidade do empreendimento vem da alimentação. “No posto de gasolina, a margem é reduzida: cerca de 5% ou 6%. Já no restaurante esse valor chega a 80%”, garante.
O investimento em melhorias é constante. Segundo Aguiar, um terço do faturamento é reinvestido no próprio negócio. “Temos estacionamento com segurança 24 horas, por exemplo. Em Roseira, há seis caixas eletrônicos de diferentes bandeiras”, conta.
Aguiar diz também que um dos segredos de sucesso do negócio é a proximidade com motoristas de caminhão e ônibus. “O posto precisar atuar como parceiro, principalmente do caminheiro. Na unidade da qual sou sócio temos banheiros exclusivos para eles, posto odontológico e sala de TV com ar condicionado. Isso fideliza”, esclarece.
Fonte: MCM POstos

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